Guia do Partnership [I]: o que é e por que preciso?

Guia do Partnership [I]: o que é e por que preciso?

Finalmente o partnership!

Depois de muitos pedidos, inicio hoje uma série de artigos sobre um dos temas mais buscados pelos empreendedores: o partnership e as estratégias para retenção de talentos. Para não perder nenhum artigo, é só me adicionar no Instagram (clique aqui!). Se gostou, dá uma força e compartilha! Boa leitura!


Vi recentemente em uma rede social que as profissões do futuro se resumirão à seguinte fórmula:

Profissão = área de atuação + matemática + programação

Para os mais tradicionais e céticos, isso é um absurdo. Para os inovadores, esse é o caminho natural fortalecido pelo desenvolvimento tecnológico. Prova disso é que profissões que envolvem análise de dados, criação, marketing e tecnologia da informação estão cada vez mais valorizadas para o mercado.

Por força dessa mudança do analógico para o digital, temos um número cada vez maior de startups e empresas que desenvolvem soluções tecnológicas e necessitam de tais profissionais (principalmente programadores e desenvolvedores) em seus quadros, mas dispõem de recursos financeiros bem limitados para sua manutenção. Do outro lado da balança, temos as grandes corporações e empresas consolidadas, que oferecem salários altos, benefícios gerais e a oportunidade de trabalhar a distância, sem contar com a oportunidade de crescer em uma empresa sólida, como forma de atrativo para esses profissionais.

Pois bem: essas vantagens oferecidas pelas grandes empresas ocasionam um alto índice de turnover (rotatividade de pessoal) de profissionais nos novos negócios, atrapalhando de forma incisiva a maturação da empresa. Afinal, muitas vezes esses profissionais saem do negócio “do dia para a noite”, deixando a startup com um buraco em seu time, e, com isso, diversos problemas em sua gestão.

É nesse cenário que surge o desafio: como competir com as condições oferecidas pelas grandes empresas e fazer com que os talentos permaneçam em meu negócio?

Foi assim que o partnership ganhou força e é uma das pautas mais debatidas no mundo jurídico gerencial. Criar estratégias de retenção de talentos com a maior segurança jurídica para o negócio e seus founders se tornou um dos maiores segredos das startups de sucesso.

Essa, inclusive, foi a minha motivação para começar essa série de artigos. Semanalmente recebo perguntas sobre a fórmula jurídica mágica da implementação do partnership, estimulada pelos “vendedores de facilidades” que existem na internet. Mas… será que ela existe? Como implementar na prática? Quais os riscos para o meu negócio? Pretendo tratar dos principais aspectos da inserção dessa estratégia nos negócios, trazendo um pouco da experiência sobre os cuidados que os empreendedores devem ter na elaboração do planejamento e definição das estratégias legais para a concretização dessa parceria.

Entretanto, antes de tudo, é preciso compreender o conceito de partnership e qual a sua importância para os novos negócios.

Na linguagem do empreendedorismo, o partnership resume uma série de estratégias adotadas pelos negócios que permitem que os seus intraempreendedores (colaboradores, funcionários ou qualquer outro nome que utilize) possam se tornar parceiros do negócio. Por parceiros, entenda aqueles que acreditam no sucesso deste, estando dispostos a permanecer nesta atividade comercial e usufruir das benesses do seu possível crescimento, mesmo diante de melhores ofertas de curto prazo oferecidas pelo mercado.

Aqui, já há um detalhe a ser observado: algumas conceituações definem modelos de partnership como aqueles onde é concedido ao funcionário a possibilidade de se tornar sócio do negócio. É preciso entender que o escopo do partnership é manter o indivíduo e suas habilidades vinculados ao negócio, independente deste ser sócio ou não. Em que pese o mais utilizado, a sociedade é um dos meios que podem ser aplicados para se atingir o objetivo final, que é a permanência do intraempreendedor na startup. Portanto, cuidado para não confundir as coisas!

E como eu preciso pensar o partnership?

Como as startups ou negócios iniciantes, na maioria das vezes, não tem estrutura para concorrer com as condições financeiras ofertadas pelos outros players de maior relevância para os intraempreendedores, a forma que se dispõe como contrapartida para entrar no jogo e lutar pela manutenção destes é torná-los parte do negócio, ampliar o elo deste com a empresa, fortalecer as premissas da cultura empresarial que são relevantes, e conceder – regra geral – oportunidade de ganho de capital vinculado ao crescimento empresarial.

Considerando as duas premissas já apresentadas (“minha startup precisa dos intraempreendedores“; “eu não tenho condições de concorrer com as condições financeiras ofertadas pelas grandes empresas“), é preciso também entender os demais motivos que levam os intraempreendedores a abandonarem um negócio em prol de outro.

Achei essa imagem no Linkedin que resume bem esses fatores:

Na teoria, se comparamos todas essas situações no cenário de disputa entre uma startup e uma empresa tradicional, a cultura das startups só perde no quesito salário. Em todos os outros (espaço para crescimento, liderança, cultura, desafios e reconhecimento), as startups têm um elevado potencial de sobressair sobre os demais negócios.

Portanto, o primeiro passo é entender o que está sendo o motivo de saída dos seus colaboradores. Muitas vezes, o empreendedor se preocupa somente com o aspecto financeiro, quando há outros fatores extremamente relevantes para a decisão de permanência ou não em um negócio.

Não vamos ser hipócritas de dizer que salário não é relevante. A grana que paga as contas é extremamente importante. Entretanto, o cenário geral das motivações de saída deve ser observado e entendido não só como argumento de negociação da permanência dos intraempreendedores, mas também para a implementação dos planos de partnership do seu negócio.

Veja que o seu partnership, em hipótese alguma, pode se dar somente com base no aspecto patrimonial . O que o dinheiro compra pode ser derrubado com uma proposta melhor de um concorrente. Ademais, veja que as gerações Y e Z têm como características o desapego de acúmulo patrimonial, vivendo na era do compartilhamento, valorizando outros pilares para a tomada de decisões de sua vida, como a liberdade e responsabilidade social. Por isso que trabalhar um plano de partnership plural pode ser o diferencial mais relevante para a permanência no seu negócio (o que deve ter em um partnership de sucesso será tema de outro artigo!).

Outro fator relevante é entender quando você precisa de um partnership em sua startup.

O primeiro motivo, sem dúvidas, é a manutenção dos talentos em seu negócios. Profissionais de excelência são raros e sabem do seu valor. Dificilmente ele irá permanecer em seu negócio se você não oferecer para ele condições tão boas de trabalho quanto o mercado oferece.

Agora, entra a pergunta de ouro: o que é um talento? Depende da necessidade da sua startup. Pode ser um funcionário criativo, aquele que coloca a mão na massa e faz a coisa andar, ou o que tem um poder de liderança sobre os demais… Aqui, não há receita de bolo. O importante é reconhecer qual funcionário tem as competências e habilidades que podem ser o diferencial para o seu crescimento.

O partnership também serve para equilibrar o buraco que surge no momento de formação do corpo societário, quando os sócios não correspondem às expectativas geradas ou surgem necessidades técnicas tão relevantes para o negócio – e alguém que as cumpra – que é melhor ter essa pessoa de corpo e alma na empresa. Se o intraempreendedor supera as expectativas e é alguém que se tornou verdadeiramente essencial, porque não o tornar um sócio, dando a ele direito sobre lucros e sobre parte de um exit de sucesso no futuro? Se bem implementado, você consegue tornar o seu crescimento empresarial autossustentável, pois todas as peças chaves são parte do negócio.

Veja que não há regras definidas para o partnership. A sua implementação dependerá de diversos aspectos da empresa, dentre os quais se destacam o grau de necessidade das estrelas em seu negócio, o grau de disponibilidade de recursos para a retenção e os indicadores dos beneficiários do partnership (“o plano”). Afinal, o ideal é que hajam pré-requisitos sólidos e claros sobre os indicadores do partnership para todos os participantes do negócio.

Essas regras claras, inclusive, evitam que o participante entre em algum programa de participação empresarial, e posteriormente desista de permanecer no negócio, ocasionando custos e uma perda de tempo para os envolvidos. Além disso, a possibilidade de crescimento ocasiona um maior nível de engajamento dos intraempreendedores, ocasionando ganhos diretos para a startup.

No partnership, a ideia principal é de repartir o bolo. Quem o adota, deve ter o pensamento claro que é melhor ter 10% de 1.000.000,00 do que 50% de 100.000. Que é melhor receber 10% de um exit alto do que 50% de uma venda medíocre. Que se vai mais longe com 10 pessoas remando um barco do que um bote com um só navegador.

Compreendido o que é o partnership, e quando começar a pensar nessas estratégias, precisamos entender quais as características de um partnership de sucesso e como executar na prática. E essas são as temáticas dos nossos próximos artigos.

Espero que você tenha gostado desse artigo! Mas fique aí que temos algumas novidades para você!

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Até o próximo encontro!

Imagem de título retirada do site <https://online.alvernia.edu/wp-content/uploads/2019/02/Types-of-Partnerships.png>. Acesso em 19 de agosto de 2020.